sábado, 27 de agosto de 2016

Besouro no chão.



Aquele era um caso estranho, um corpo foi encontrado no meio de um prédio abandonado, os peritos chegaram e nada foi encontrado, nem mesmo um vestígio, uma pegada, uma simples digital.
O corpo não disse muito também, não tinha marcas, ferimentos nem mesmo havia drogas nas veias. Nada foi encontrado nos bolsos, a roupa estava intacta. Era como se ela fosse uma boneca de cera, branca, com cabelos sujos, vestida com uma túnica branca quase transparente, mostrando a forma do corpo torneado e forte da policial.
Parecia que ela tinha sido colocada ali, o prédio estava abandonado e repleto de sujeira, os mendigos que ali habitavam esporadicamente não disseram nada. No entanto nenhum deles podia ser acusado de nada e logo foram liberados para voltar as suas vidas miseráveis.
O único detalhe que a perícia achou foi uma pequena mosca de ouro, que estava presa por um alfinete no vão do elevador desativado.
A identificação da moça, mostrou que ela era parte das forças de segurança do primeiro Ministro Israelense, uma soldado treinada e que estava no Brasil como parte da comitiva que veio para protege – lo durante as olimpíadas e que desapareceu dois dias antes do fim dos jogos enquanto estava em um treinamento junto as tropas de segurança do Brasil.
Várias pessoas foram chamadas para depor, seus testemunhos eram desencontrados e não trouxeram grandes progressos, o único ponto em comum era que todos se lembravam de ter deixado a em frente ao hotel em que estavam hospedadas as forças de segurança de Israel.
Os funcionários falaram pouco acerca da chegada da policial, nas câmeras ficou provado que ela realmente entrou no horário que os policiais tinham relatado.
Um detalhe no entanto chamou a atenção do investigador Cléber, responsável pelo caso, as câmeras mostravam ela entrando, no entanto a porta do quarto dela, que se abria somente com um cartão de acesso ainda estava trancada.
Os funcionários abriram a porta com uma chave extra e ali dentro tudo estava revirado, manchas de sangue estavam por todos os lados e uma mensagem escrita num espelho do banheiro mostrava um símbolo antigo.
O investigador saiu do hotel e chegou em sua casa, logo começou a procurar na internet dados a respeito e só achou em um site de teoria da conspiração sobre uma antiga seita: Os adoradores do escaravelho, uma seita muito antiga que tinha várias ramificações ao longo do Oriente médio, recentemente um de seus locais de culto foi estourado em Israel após a morte de um garoto sequestrado e aniquilado em um ritual místico, a policial responsável era justamente a que foi morta no Rio de Janeiro, que havia levado a prisão um poderoso político do país, envolvido com o grupo e com o assassinato.
O simbolo da seita era igual ao encontrado no vão do elevador, Um símbolo que parecia levar ao assassino.





O corpo sumiu.

Logo pela manhã, o investigador recebeu uma ligação da central, o corpo da policial tinha sido roubado do IML, cinco peritos e um segurança foram encontrados mortos, o centro de necropsia tinha sido atacado a noite por homens fortemente armados.
_Tudo agora se complica, ele pensou após receber as informações da central.
_ Agora não tenho mais corpo, só esse broche e nada mais.
Saiu pela porta de sua casa, e quando começou a dirigir percebeu que estava sendo seguido, acelerou em meio a trânsito do Rio de Janeiro e se evadiu dos seus perseguidores retornando no meio de um túnel em alta velocidade.
Os seus perseguidores logo estariam novamente no seu rastro, abandonou o carro assim que chegou num ponto de ônibus, levou somente uma pequena pochete onde tinha os documentos do carro e o broche, sua arma e a carteira com documentos e dinheiro.
_ Se conseguiram entrar até no IML, que é perto da central, eu iria ser um alvo rápido, seria apenas mais um policial morto serviria apenas para divertir diálogos de esquerdistas maldosos.
A rota do ônibus seguiu, e antes que chegasse na última estação, uma mulher fez sinal e o motorista parou.
Ela deu alguns passos e atirou na cabeça do motorista, no mesmo instante, apertou um botão que estava em uma das mãos e o veículo foi pelos ares no mesmo instante.
Cléber e os demais passageiros acabaram incinerados. As investigações, vasculharam em meio dos escombros e encontraram dentro de um pedaço da pochete, o estranho broche, mas não tiveram a perspicácia de procurar na internet a procura dos dados sobre a origem do objeto.
A seita tinha recrutado anos atrás a jovem que tinha cometido aquele atentado em um sanatório e a guardavam sendo drogada em um quarto fechado, esperando para usa – la a fim de resolver algum problema.
O grão mestre olhou o caso nos jornais e deu um riso, resolveu todo o problema que os assassinos da ordem tinham causado por vingança.
Logo tudo aquilo estaria esquecido e os mortos seriam apenas um número na estatística e um discurso na boca dos hipócritas.
Outra pessoa pegou o jornal de uma lixeira e viu a notícia da morte do policial, olhou para o céu e declamou em alta voz:
_ Deus, poderoso pai do universo, leve para seu seio todos os idealistas, todos os tolos que buscam melhorar o mundo, eles são nobres demais para essa existência medíocre.
A cena poética daquele homem maltrapilho, chamou a atenção de alguns que passavam pela movimentada avenida. Mas logo a rotina os consumiu e eles voltaram a ser cegos a realidade dos desfavorecidos.
Enquanto isso aquele homem, caminhava alheio ao tempo e as pessoas, vagava meditando sobre a vida, apreciando a paisagem, pulava longas alturas e já tinha ajudado muitas senhoras assaltadas por bandidos.
A sabedoria e a paz que ele transmitia eram paradoxalmente opostas a sua própria condição maltrapilha, mas somente aqueles que viram a verdade podem se permitir não ser presos pela imagem dos outros.

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